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Amor de Deus.


E suas rejeições

Leitura

Por Vicente Freitas — Postado em 16 de Oct de 2023.

Refletindo sobre uma situação, quando se trata de você ter a obediência da boca para fora, somos sepulcros caiados (pintados de branco por fora e dentro só contém podridão).

Veja é somente da boca para fora, o que convém é somente a aparência!

Há realidade é dramática, mas isso nos leva a pensar como podemos levar para nossa vida.

Bom, a primeira forma de aplicar, é, como é que nós entramos em um relacionamento de amor.

Veja, como você recebe amor de uma pessoa? Essa pessoa está fazendo muitas coisas para você. Os verbos que Deus usa da para ver em Isaías, capítulo 5, são verbos de fazer, são ações, são realidades históricas. Deus ama concretamente o seu povo, não ama “em teoria”. O problema é o seguinte: o problema é que o amor está gritando na sua cara; mas, se você não fizer um ato de fé, você nunca receberá amor. Você está entendendo? Pegue um exemplo concreto; pegue, sei lá, uma pessoa que você tem certeza de que ama você: sua mãe. Você pode sempre duvidar do amor dessa pessoa; se você não fizer um ato de fé, você não receberá amor nunca. Sabe o que é fé? Fé é amor passivo.

Fé é o único jeito de a gente receber amor de qualquer pessoa. Não estou nem falando de Deus. Não estou falando de Deus, não. Estou falando aqui a um ateu. Como um ateu sabe que a mãe dele o ama? Só se ele, olhando o que a mãe dele fez, meditar e, naquele processo de meditação, dizer: “É… Eu vou acreditar: foi por amor. Não foi por interesse mesquinho, não foi por paixões desordenadas, não foi por vaidade, ela fez isso porque ela me amou”.



Isso é um ato de fé. Por quê? Porque, claro, “quem vê cara não vê coração”. Eu fiz, eu olhei para os atos, eu posso sempre duvidar…

Quer dizer: eu posso sempre duvidar do amor… Então, é o seguinte: se eu não tive fé, eu não receberei amor nunca de ninguém. Mas não é somente de Deus. De ninguém Eu morrerei nas minhas feridas, eu ficarei eternamente sozinho e feridento duvidando do amor.

O profeta Isaías diz com muita clareza todos esses gestos de amor.

Aquele famoso estudioso da Bíblia, o padre jesuíta Alonso Schökel, na Bíblia do Peregrino, quando comenta Isaías, capítulo 5, diz que o verbo fazer aparece sete vezes nessa breve parábola de saías, nesse cântico de amor.

O verbo ‘fazer’ está lá: “Deus fez”, “Deus fez”, “Deus fez”, “Deus fez”, “Deus fez”…

Mas o que acontece? Deus fez, mas o povo não creu nesse amor. É um povo duro de coração. Por quê? Porque a única coisa que esse povo foi capaz de ver era que Deus estava exigindo demais. Deus faz um gesto de amor, e o povo recebe isso como uma exigência descabida.

“Mas como agora Deus quer que eu o ame de todo o coração, como Deus quer que eu o ame com todo o entendimento, com toda a minha força?” Deus está repetindo pacientemente: “Shema Israel” — “Ouve, Israel, ouve”, e, no entanto, o que Deus constata? Deus constata a dureza do coração desse povo, e é por isso que, como na parábola que Jesus contou, Deus começa a enviar os profetas. Deus começa a dizer:

“Gente, por favor! Você não está entendendo?” Vocês não entendem o amor de Deus?”.

Então vamos lá. Para vocês entenderem o amor de Deus, Deus vai tirar o amor dele um pouquinho, essa proteção dele, Deus vai tirar a cerca que protege a vinha e vai deixar que o javali da mata virgem nela paste. Deus vai permitir… Veja, Deus é um Deus tão amoroso, Deus é tão bom, que Ele castiga. Ele castiga fazendo assim:

“Deixe-me tirar a mão para você notar quem está te sustentando. Eu vou deixar você se esborrachar no chão, vou deixar você quebrar a cara para que você note que eu estava do seu lado o tempo todo, que eu estava com você; então, deixe eu me ausentar um pouquinho por amor, para você notar”.

Então, o povo é chamado pelos profetas, mas mesmo assim o povo não corresponde, não corresponde e não corresponde por dureza de coração. Até que, finalmente, o profeta Ezequiel diz uma profecia que, até Jesus, a gente não sabia quando ia acontecer. Deus olha para aquele povo e diz: “Eu irei tirar o vosso coração de pedra e, no lugar, vou colocar um coração de carne”. Essa profecia de Ezequiel quando ia acontecer? Deus prometeu; mas quando? E agora? Quando virá? Ah! É o Coração de Jesus. Deus finalmente envia o Coração amoroso, o Coração que ouve. Esse coração que ouve é o Coração de Jesus.

Meus irmãos, Deus, despejando o seu amor infinito e eterno, vendo que esse amor infinito e eterno estava sendo derramado no chão, sem ninguém que o recebesse, se faz homem para ter um coração no qual Ele pudesse derramar esse amor. Deus se fez homem para poder ser o homem que recebesse o amor que Ele está querendo dar desde toda a eternidade. Deus quer mostrar o amor dele por nós.

Esse é o cântico da vinha: “Vou cantar para o meu amado esse cântico”. Deus está dizendo para nós que nós somos o seu amado. Nós somos esse povo amado de Deus e Ele espera uvas boas, e nós só produzimos uvas selvagens. Assim como Isaías chama os habitantes de Jerusalém para julgar, dizendo: “O que poderia eu ter feito a mais por minha vinha e não fiz?” — pergunta aos habitantes de Jerusalém, assim também, no Evangelho, Jesus pergunta aos fariseus que estão ouvindo: “Pois bem, quando o dono da vinha voltar, o que ele fará com esses vinhateiros?” É aquela experiência de Davi com o profeta Natan. Ou seja: Deus arma uma “armadilha” para que a gente mesmo julgue e dê a sentença. Vocês se lembram do que aconteceu com o profeta Natã e Davi? Davi pecou com Betsabé, então Deus revelou o pecado de Davi para o profeta Natã e mandou Natã falar com Davi. Natã contou uma parábola: “Olhe aqui, rei Davi, eu estou sabendo de um caso aqui… O senhor é o rei, o senhor que faz justiça em Israel, e eu quero dizer para o senhor o seguinte. Um sujeito que tinha um rebanho enorme de ovelhas recebeu uma visita em casa e queria fazer um churrasquinho de ovelha para a visita. Aí ele foi e pegou a ovelha do vizinho, que só tinha uma ovelha; era uma ovelha querida, uma ovelha de estimação”; não era nem para o corte, era o animal de estimação dele. Ele dormia junto com a ovelhinha, dava de mamar para a ovelhinha, vivia abraçado com a ovelhinha. Pois bem, o sujeito é tão cruel, que pegou a ovelhinha querida e amada do vizinho e a matou para não ter de matar as suas ovelhas; centenas estavam lá no seu rebanho”. Davi ficou indignado e disse: “Quem é esse desgraçado? Traga-o aqui que eu vou matar”. Natã diz: “Esse homem és tu”. Veja, é uma armadilha para dizer: “Olhe, eu conto a história, mas você dá o julgamento; depois eu revelo que você está sendo julgado”. Esse mesmo recurso está sendo usado aqui, tanto em Isaías como em Mateus. Então, contando a história, quando as pessoas ficam indignadas, no fim da história é revelado: “Esse homem és tu”. Deus pergunta: “Há alguma coisa mais que eu poderia fazer por essa vinha? Há mais algum gesto de amor que eu possa fazer?”.

Existe mais algum gesto de amor e de paciência que Deus poderia ter feito para com o seu povo? Enviou mensageiros, depois enviou mais servos, depois enviou mais servos: uns foram apedrejados, outros foram maltratados; finalmente, Ele envia o Filho. Que outro gesto de amor Deus poderia fazer por nós? Que outra palavra de amor Ele poderia pronunciar que não fosse a Palavra que se fez carne? E se fez sangue? E se fez sangue derramado? Deus se fez sangue derramado por amor a nós. Eis aí. O nome do pecado é ingratidão. O que é ingratidão? Ingratidão é falta de reconhecimento.

Lembra que falei para você que fé é amor passivo? Está lembrado? Fé é o único jeito de receber amor de uma pessoa. Portanto, é isso. Deus ama, Deus realiza o amor; Ele se faz carne e derrama o sangue dele por nós.

Gente, o amor se fez carne, e nós o assassinamos! E nós o matamos! Que ingratidão, que ingratidão…

Mas se nós queremos sair disso tudo, qual é o primeiro passo? “O justo vive pela fé”. A primeira coisa que eu tenho de fazer é isso. Sim, “porque o amor consiste nisso: Deus nos amou por primeiro”.

Você olha para o seu coração de pedra, e você vê que você cabe na primeira parte da profecia de Ezequiel;

E nós? Não vamos amá-lo de volta? Nós não vamos responder a esse amor? Vamos ficar de braços cruzados, na indiferença? Mas será possível que o nosso coração seja um coração tão insensível? Pois bem, olha para nossa mãe nos céus, ela amou o Amor. Ela é chamada de Mãe do Belo Amor, porque ela o amou. Quem ama Jesus, quem reconhece o amor de Deus por nós, não vai deixar de dançar de alegria por ver que Jesus foi amado com um amor que nós não conseguiríamos dar a Ele.

A Virgem Maria, que nós celebramos, celebramos porque ela deu a Jesus o amor que Ele merecia; ela deu as uvas boas; ela deu o fruto a seu tempo; ela deu o fruto saboroso do amor no seu Imaculado Coração; ela correspondeu ao amor.