Cristianismo defende a Abstenção?
Leitura
Por Vicente Freitas — Postado em 10 de Oct de 2023.
Sabemos que o cristianismo historicamente condenou os “prazeres da carne”. O erótico, idealmente,
deveria ser praticado apenas para a reprodução. Ou nem isso, como demonstrou Foucault na sua obra
póstuma
Confissões da carne. O melhor mesmo para uma vida santa seria o celibato, embora se
reconheça que não seja para todos.
Mas por quê? Será que aquelas pessoas simplesmente acordaram um dia e decidiram isso ou há uma razão que talvez a maioria de nós desconheça?
Para entender melhor a questão temos que relembrar a crítica que Nietzsche faz ao platonismo. Platão diz que o mundo em que vivemos é imperfeito por estar sempre em transformação. Ao condenar o devir, Platão defende uma outra realidade, o mundo das ideias, em que as coisas permanentes seriam belas, justas e perfeitas.
Com o cristianismo, este mundo ideal passa a ser entendido como morada divina. O paraíso é o lugar ideal platônico para onde iriam aqueles que viveram uma vida digna de salvação. A religião cristã promove uma soteriologia que não estava originalmente na metafísica de Platão, prometendo a salvação pela fé.
Este mundo em que vivemos é um falso mundo para o platonismo-cristianismo. A verdadeira vida é a eternidade que acontece após a morte, para a qual nós deveríamos nos preparar. É neste sentido que a sexualidade é vista como um problema. Afinal, o erotismo nos distrai. Platão condenava os prazeres do corpo que fariam com que esquecêssemos das virtudes da alma. O cristianismo fala deles como pecado.
O problema do erotismo nesta perspectiva é que ele nos distrairia daquilo que nós deveríamos estar realmente pensando, que é em Deus. Os prazeres nos aterram à vida, quando nossa mente deveria focar no que está além dela.
Não entro no mérito de quem esteja certo ou errado. Estamos num território de crenças, e quanto a isso, cada um tem a sua. Vemos apenas que a abstenção se fundamenta numa filosofia. Uma filosofia que, como critica Nietzsche, vê este mundo e esta vida como falsos, buscando assim escapar deles. A verdadeira vida é a que aconteceria depois desta. O “pecado” pagão é reconhecer a natureza deste mundo aqui como verdadeira, tudo materialista.
Mas por quê? Será que aquelas pessoas simplesmente acordaram um dia e decidiram isso ou há uma razão que talvez a maioria de nós desconheça?
Para entender melhor a questão temos que relembrar a crítica que Nietzsche faz ao platonismo. Platão diz que o mundo em que vivemos é imperfeito por estar sempre em transformação. Ao condenar o devir, Platão defende uma outra realidade, o mundo das ideias, em que as coisas permanentes seriam belas, justas e perfeitas.
Com o cristianismo, este mundo ideal passa a ser entendido como morada divina. O paraíso é o lugar ideal platônico para onde iriam aqueles que viveram uma vida digna de salvação. A religião cristã promove uma soteriologia que não estava originalmente na metafísica de Platão, prometendo a salvação pela fé.
Este mundo em que vivemos é um falso mundo para o platonismo-cristianismo. A verdadeira vida é a eternidade que acontece após a morte, para a qual nós deveríamos nos preparar. É neste sentido que a sexualidade é vista como um problema. Afinal, o erotismo nos distrai. Platão condenava os prazeres do corpo que fariam com que esquecêssemos das virtudes da alma. O cristianismo fala deles como pecado.
O problema do erotismo nesta perspectiva é que ele nos distrairia daquilo que nós deveríamos estar realmente pensando, que é em Deus. Os prazeres nos aterram à vida, quando nossa mente deveria focar no que está além dela.
Não entro no mérito de quem esteja certo ou errado. Estamos num território de crenças, e quanto a isso, cada um tem a sua. Vemos apenas que a abstenção se fundamenta numa filosofia. Uma filosofia que, como critica Nietzsche, vê este mundo e esta vida como falsos, buscando assim escapar deles. A verdadeira vida é a que aconteceria depois desta. O “pecado” pagão é reconhecer a natureza deste mundo aqui como verdadeira, tudo materialista.